segunda-feira, 5 de março de 2012

Oficinas são ferramentas no combate à dependência química


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O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas da Prefeitura conta com importantes ferramentas no combate à dependência química. Além dos atendimentos médico, psiquiátrico e psicológico somam-se diversas oficinas que cumprem uma importante função terapêutica. “As oficinas proporcionam um espaço de convívio e de atividades com objetivo terapêutico”, explica a terapeuta ocupacional Ana Carolina de Ramos Castelhano Fuentes.

Todos os dias no CAPS AD acontecem oficinas com atividades programadas antecipadamente. São atividades manuais, musicais, exercícios físicos e outros. “É um espaço diferente, um espaço de novas experiências e oportunidades”, lembra Ana Carolina. “Nas oficinas nós vamos nos aprimorando, aprendendo novas coisas. Ajuda a ocupar a mente, a se distrair e é muito bom. Vamos aprendendo a gostar das coisas”, disse M.E.D., 35 anos, Jardim Galetto. O CAPS AD auxilia no tratamento da dependência química, seja de álcool ou de drogas, e também no combate à depressão dos pacientes que utilizam muita medicação. O tratamento pode ser apenas com medicação ou pode ser psicoterápico. Há pacientes em regime semi-intensivo, que passam por atendimentos regulares, e intensivo, que freqüentam o CAPS AD todos os dias.

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Atualmente, o grupo faz um trabalho relacionado à Páscoa, confeccionando enfeites

Atividades físicasO dia no CAPS AD começa com atividades físicas. Os pacientes chegam às 7h, participam de uma caminhada, uma sessão de alongamento ou relaxamento. “A atividade física é o momento da faxina do organismo. Como eles consumiram tóxicos durante muito tempo, a atividade física, além de estimular o metabolismo vai ajudar na mudança de hábitos”, explica a educadora física, Diane Ciaparin. Junto com a atividade física vem a reeducação alimentar, pois sem alimentação adequada o organismo não produz os hormônios responsáveis pela sensação de prazer e bem estar, as endorfinas. “Tudo que se faz e dá um prazer, seja o uso de tóxicos como drogas, álcool ou mesmo quando se fuma um cigarro, seja sexo ou atividade física, libera hormônios. Nós temos que fazer esta troca: ao invés de buscar algo para me satisfazer, tenho que produzir esses hormônios naturalmente, com alimentação adequada e exercício físico”, conta Diane. Além disso, com atividade física o organismo fica mais limpo, pois a pessoa transpira mais, coloca mais toxinas para fora, e há um aumento na ingestão de líquidos, o que aumenta a limpeza no organismo. “O metabolismo fica acelerado e tudo vai acontecer muito mais rápido e muito melhor”, completa a educadora física.

“Encontrei aqui no CAPS AD a ajuda que estava procurando. Aqui, nós jogamos bola, fazemos caminhada, usamos a piscina, fazemos trabalhos manuais para ocupar o tempo. Assim, não ficamos pensando besteira”, disse V.D.D., 35 anos, San Francisco.

Terapia ocupacionalPor volta das 10h começa a terapia ocupacional, que são as oficinas propriamente ditas. Somente neste ano, os pacientes já fizeram oficinas de máscaras, o que culminou na participação do grupo no desfile da Escola de Samba Tamanho Família Feliz, do Fundo Social de Solidariedade, no Carnaval 2012. Já aconteceram também oficinas de culinária e artesanato. “Nas oficinas, o tempo passa. Normalmente quando você está desocupado você acaba usando drogas”, disse D.T.O., 18 anos, Novo Cruzeiro.

Atualmente, o grupo realiza um trabalho relacionado à Páscoa, confeccionando enfeites em formato de ovos de Páscoa. Gilberto Cardoso, auxiliar de enfermagem, conta que as oficinas estão em fase de formação. “Eu e a Denise, assistente social, formamos uma dupla de referência para a construção das oficinas. Duas que estão sendo preparadas são a de horta e a de música. Como também sou músico este é um trabalho que está tendo um bom resultado, até pela capacidade dos pacientes de cantar e tocar. São pessoas que tem um grande potencial, pois fora da dependência do álcool e das drogas elas têm uma grande lucidez”, conta Gilberto. E o terreno do CAPS AD já está sendo preparado para a horta. “Na sequência iremos preparar o grupo, discutir com as pessoas as propostas e a finalidade”, disse Gilberto.

Para o auxiliar de enfermagem, as atividades desenvolvidas permitem que os pacientes tenham uma visão da lucidez. A proposta do CAPS AD é receber os dependentes químicos e ouvi-los. “Muitas vezes o dependente só ouve críticas e isso dificulta para que ele recomponha seu raciocínio. Aqui, ele começa a ver as coisas de forma diferente, a ter uma outra expectativa”, conta Gilberto. No CAPS AD os pacientes são preparados para encarar a sociedade, para enfrentar desafios e situações. “A doença deles é a dependência e se ela se manifestar os prejuízos serão para eles”, disse Gilberto.

CAPS ADLocalizado na Avenida Expedicionários Brasileiros, 988, o CAPS AD é uma unidade de saúde que presta atendimento a pessoas com transtornos decorrentes do uso de substâncias psicoativas e também de seus familiares. A unidade é fruto de um convênio entre a Prefeitura e o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde. Em pouco mais de dois meses de atendimento a unidade já conta com 286 pacientes inscritos no programa. “Ainda não temos pacientes em processo de alta devido ao pouco tempo, mas consideramos nosso trabalho um sucesso”, disse o Coordenador da Saúde Mental no município, Dr. Remus Marin Stancu. Para o Prefeito em exercício, Dr. Ariovaldo Hauck da Silva, o CAPS AD é um exemplo da humanização da Saúde em Itatiba. “É um belo trabalho de resgate de pessoas, de famílias. É um dos objetivos da administração, que o paciente seja visto como indivíduo, como pessoa e não como um número”, disse Dr, Ari.

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