Quem não se lembra da cena em que Paula comeu oito fatias de pão de forma depois de uma festa do “BBB”? Até ela fez piada sobre o assunto e reproduziu o momento em um concurso de fotos dentro do programa.
Durante sua primeira consulta com o médico, a ex-BBB contou que a ansiedade descontrolou seu apetite e a fez engordar 12 quilos em poucos meses. “Quando estava confinada no hotel esperando a hora de entrar no programa não consegui parar de comer. Até a produção veio conversar comigo e perguntar se estava tudo bem. Na última entrevista antes de entrar no BBB, o Boninho brincou comigo: ‘Tomou fermento, menina?’, lembrou Paula.
No artigo abaixo, o Dr Guilherme, que está cuidando da dieta de Paula e várias outras famosas, explica como aspectos emocionais podem fazer as pessoas comer demais e compara a gula a outros vícios.
Comida: um estepe emocional perigoso
por Dr. Guilherme de Azevedo Ribeiro
Comer é bom demais. Eu gosto, você gosta, todo mundo gosta. O problema é quando esse prazer – momentâneo, diga-se logo – traz junto uma conseqüência desastrosa: engordar. E quando é que comer engorda? Quando você come em excesso. E por que comemos em excesso? Na grande maioria das vezes, por gula. E a gula, por sua vez, está ligada diretamente a fatores emocionais. Eles podem ser um grande vilão – ou um grande aliado – da sua dieta. Aqui, vamos falar sobre o lado mau.
Primeiramente, vamos entender o que é gula. A gula é quase uma compulsão por comida. Em poucas palavras: é comer sem que seu corpo necessite de alimento naquele momento. Tem gente que acha que ser guloso é, por exemplo, comer três brigadeiros na hora do lanche. Então, vamos analisar: se você está com muita, muita fome na hora do lanche, comeu os três brigadeiros e se sentiu satisfeito, isso não é gula. Se você comeu os três brigadeiros e ainda sentiu fome, é porque seu corpo ainda está com déficit de comida e precisa ser alimentado. Se você comeu dois brigadeiros, ficou satisfeito mas ficou de “olho grande” em cima do terceiro e acabou comendo, isso sim, é gula.
No meu primeiro livro, “Dieta Nota 10″, eu explico que quem come exageradamente é um dependente químico, que usa a comida como poderia usar outra droga. É triste, mas é verdade.
Para emagrecer e se manter magro, os gulosos precisam encarar o fato de que são viciados.A luta que os gulosos travarão será igual à de qualquer outro viciado e incluirá até crises de abstinência. Sempre conto a historia de um cliente que emagreceu, engordou, emagreceu, engordou. Um dia, finalmente, confessou-me que iria desistir, porque simplesmente não conseguia abandonar o vício de se empanturrar de salgadinhos. Tenho certeza de que, se ele tivesse procurado ajuda de um terapeuta, seu problema poderia te sido resolvido. Mas ainda bem que tamém existe o outro lado: conseguir sair dessa. Tive uma paciente que, ao entrar pela primeira vez em meu consultório, confessou-me a sua dependência em refrigerantes. Acordava durante a noite para beber vários copos. Após alguns meses e muitos quilos perdidos, ela me relatou seu esforço para se adaptar ao paladar do refrigerante light. Mas conseguiu. E o mais interessante: parou de se levantar durante a madrugada para satisfazer a gula. Esse último relato é a prova cabal de que o refrigerante que bebia na madrugada nada mais era do que uma compulsão por algo do qual ela conseguiu se desfazer.
Por que usamos a comida como válvula de escape
Quem come demais estabelece com os alimentos vínculos físicos e emocionais. Não duvide: a grande, imensa maioria dos gordos são pessoas ansiosas, que comem à procura de um alívio temporário de suas tensões. E o problema maior é justamente esse: ser temporário. Porque depois, quando termina o prazer, vem a culpa de ter comido o que não devia –o gordo lembra que esse excesso vai resultar em mais quilos no corpo.
A comida é serotoninérgica. Isso quer dizer o seguinte: nela (e nos doces ainda mais) existe um grupo de substâncias que imitam a ação das serotoninas, que são substâncias fabricadas pelo nosso organismo e funcionam como “calmantes”, provocando uma gostosa sensação de bem-estar. Quando, por qualquer que seja o motivo, você se sente mais triste, mais estressado, mais agitado, mais deprimido (ou seja: quando você se sente muito incomodado com alguma coisa) há uma diminuição no nível de serotonina do seu corpo. Então, o que você faz? Vai buscar algo que proporcione a você a mesma sensação da serotonina que está faltando. E onde encontra? Isso mesmo: na comida.
Após comer para se saciar em “falsas serotoninas”, os problemas emocionais não mudaram. E você está mais gordo. E mais feio. E mais frustrado. E essa frustração faz diminuir ainda mais a sua serotonina natural, e então você vai buscar, mais uma vez, na comida. E o ciclo vicioso não se rompe, e os quilos aumentam, e sua infelicidade também.
E você: qual é o seu motivo?
A neurociência já descobriu no mínimo quatro sistemas de descontrole emocional, sendo que os três primeiros relacionam-se intimamente à busca por comida. São eles:
Sistema de recompensa e busca
Sistema de raiva
Sistema de medo/ansiedade
Sistema de pânico
Qual é o seu? Pare e pense um pouquinho. Em qual deles você se encaixa? Se você conseguir olhar para si mesmo, para seu dia a dia, para sua vida, talvez você perceba que alguma coisa incomoda e podetentar consertar isso. Mas, se não conseguir decifrar o motivo de suas insatisfações, não importa. O importante é que você precisa entender que esse comportamento deve mudar. E, talvez mais importante do que tudo: você pode mudar!
Declare guerra!
Em sua cabeça, você abriga um inimigo que o obriga a conviver com um hábito destrutivo: o de comer em excesso. Ao contrariar esse vilão, seu corpo e sua mente começam a conspirar contra você. A “memória” do corpo luta para reaver os quilos extras com os quais ele já estava acostumado e você começa a ficar irritado, enjoado, de mau humor etc. A dependência emocional “cria” situações que o empurram de volta ao aditivo químico que você mesmo tirou de sua vida: a comida. Não se desespere nem desista. Existem muitos recursos para você se libertar do vício que lhe prejudica a saúde e a estética.
Quero deixar rigorosamente claro é que a Dieta Nota 10 não é um pirlimpimpim milagroso que vai fazer com que de uma hora para outra você emagreça feliz da vida e sem esforço nenhum. A Dieta Nota 10 emagrece, sim. Mas, como qualquer dieta, ela exige uma cota de sacrifícios.
Emagrecer e continuar magro significa mudar completamente de vida.
Todos os que conseguiram se livrar do peso extra descobriram que não há descanso na luta contra a balança. Quem emagreceu e se conserva magro identificou por que embrulhava a comida para presente e a empurrava goela abaixo. Raiva? Compensação de perdas? Ansiedade? Sejam quais forem os seus motivos, diga NÃO a eles. E lembre-se do que a Dieta Nota 10 ensina: você pode comer aquilo que lhe dá prazer, basta não exagerar. Então, tá triste? Ok, coma um pedacinho de chocolate para suavizar a tristeza. Mas não esqueça de considerar o valor dele no seu cálculo diário de notas. Mantenha-se dentro da sua cota.
Preste muita atenção: isso é para você
Se você costuma usar a comida como válvula de escape, somente uma dieta livre em termos de variedade de alimentos irá funcionar para você. Dietas restritivas não têm a menor chance de dar certo no seu caso. Sabe por quê? Porque se você tiver que ficar longe de tudo o que gosta, você vai fazer uma dieta sofrida, e as chances de você abandoná-la são enormes. E pior de tudo: frustrado por mais um ‘fracasso’, vai usar a comida, mais uma vez, como válvula de escape. E outra coisa:se por acaso conseguir emagrecer, vai achar que pode comer como comia antes e a primeira coisa será incluir no seu cardápio tudo aquilo de que você gostava e abriu mão. O resultado? Bem, certamente você já viu o final desse filme.
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