quinta-feira, 21 de abril de 2011

Solidariedade a toda prova

Longe das famílias, voluntários superam adversidades para ajudar vítimas das chuvas na Região Serrana



Francisco Almeida
Francisco Almeida, voluntário por vocação há 20 anos.
Eles largaram suas famílias, embrenharam-se na mata e na lama, enfrentaram as chuvas fortes e até sofreram ao lado das vítimas. Tudo isso durante duas semanas, período em que centenas de voluntários deixaram suas casas no Rio para, por solidariedade, ajudar as vítimas da tragédia que atingiu a Região Serrana.
Socorrista por profissão e voluntário por vocação há 20 anos, Francisco Almeida esperou dois dias para saber as condições do terreno para, sozinho, ir a Teresópolis, em janeiro.
— Sei até onde a situação está fora de controle e cheguei a Teresópolis sabendo o que fazer. Nessas horas, não basta só boa vontade. É preciso se expor a riscos. Eu me servia da mesma comida do Exército, dormia em barracas e fiquei quatro dias sem tomar banho. Vi muita gente fazendo um grande esforço para ajudar quem não conhecia, superando muitos obstáculos — conta Francisco, que ainda ajudou nos resgates em Sumidouro:
— Estava tudo muito desorganizado e ajudei a montar linhas de abastecimento de suprimentos. Era importante manter o controle, para auxiliar os moradores que precisavam da nossa ajuda.
Francisco é um veterano em tragédias naturais. No $passado, ele auxiliou nas buscas aos mortos no Morro do Bumba, em Niterói.
— Às vezes, a minha família considera minha iniciativa anormal, mas faço questão de ajudar quem precisa. Nestes momentos, precisamos mostrar a vocação de solidariedade do morador do Rio de Janeiro.
Assim que os programas de TV noticiaram o desastre na Região Serrana, o locutor Jairo Roberto dos Santos acessou o Twitter e viu pedidos de carros 4x4 para os resgates em zonas de difícil acesso.
— Logo que acordei, subi a serra com a minha caminhonete e, depois, repassei o que precisavam lá em cima pelo Twitter — conta Jairo.
O socorro veio dos mais de 160 mil seguidores do perfil Lei Seca RJ. Em quatro dias, estava formado um comboio de 90 veículos — boa parte com tração nas quatro rodas. Um helicóptero também foi usado. A base de socorro foi montada no clube Várzea, em Teresópolis.
Tanta mobilização resultou em 110 toneladas de doações para as vítimas.
Copacabana Palace
Eduardo Trevisan, Jairo Roberto dos Santos e Marcos Nogueira: mobilização pela rede social.

— Éramos 220 pessoas e chegamos a lugares onde nem o Exército alcançava — lembra o publicitário Eduardo Trevisan, coordenador do @leisecarj.
— Naquele momento, o mais difícil foi decidir as necessidades de cada um. Agora, queremos subir de novo. Ainda há muito o que ser feito lá — diz o empresário Marcos Nogueira.
A solidariedade também inspira declarações de amor ao Rio. As duas melhores valem um voo panorâmico na promoção "Rio é Show de Bola", a ser lançada dia 8, no Extra Online.

Nenhum comentário:

Postar um comentário